Os resíduos provenientes da limpeza do grão de arroz, ou seja, da pré-limpeza e o da pós-secagem do arroz, são recentemente incorporados à dieta animal e, por muito tempo, foram considerados “sujeira”, desprezados ou utilizados como adubo.
Objetivou-se verificar com este trabalho análise de composição dos subprodutos do arroz utilizados na alimentação de ruminantes, tendo em vista que o resíduo da pré-limpeza do arroz (RPLA) nem sempre é um alimento utilizado pelos pecuaristas, bem como a escassez de pesquisa sobre o tema no país.
A metodologia empregada buscou analisar a composição do RPLA, farelo de arroz (FA) e quirera de arroz (QA), quanto a umidade (UM), matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB), matéria mineral (MM) e matéria orgânica (MO).
As amostras foram coletadas na COTRIJUÍ, no município de Dom Pedrito e analisadas no laboratório da Nutron. Os resultados mostram os seguintes dados: o percentual de UM para a QA, o RPLA e FA foi de 12,56%, 10,66% e 9,66%, respectivamente.
O excesso de umidade traz como conseqüência uma diluição do total de nutrientes das rações, reduzindo proporcionalmente seu valor nutritivo, pondo em risco a qualidade e dificultando o manuseio e o transporte.
Os teores de MS observados nos distintos alimentos foram de 90,34%, 89,34%, e 87,44%, para o FA, RPLA e QA, respectivamente. os teores de PB encontrados forma de 13,28%, 7,93% e 7,76% para o FA, RPLA e QA, respectivamente.
Estes demonstraram que o FA apresentou maior percentual de PB quando comparado ao RPLA e este apresentou valor similar a QA. A PB é a fração responsável por elevar os custos de alimentos concentrados.
A concentração de EE no FA foi de 13,80%, o RPLA apresentou 2,3% e o QA 0,74%. A gordura eleva a densidade energética dos concentrados, mas alimentos com altos teores de EE, como o FA são mais susceptíveis a rancificação, necessitando da adição de substâncias antioxidantes. Os percentuais de FB demonstraram que o RPLA e o FA foram semelhantes (5,49%), e ambos superiores a QA (0,07%), contrariamente ao esperado pela forma fisica do RPLA.
A MM no FA apresentou 9,24%, o RPLA apresentou 5,48%, e a QA 0,56%. Os nutrientes minerais contribuem com grande parte do esqueleto (80% a 85%) e compõem a estrutura dos músculos, sendo indispensáveis ao bom funcionamento do organismo animal.
Todavia, elevados valores de MM podem representar grande inclusão de casca de arroz, que é rica em sílica, o que explica os baixos valores encontrados na QA. A MO apresentou maior percentual na QA com 99,44%, seguida do RPLA com 94,52% e o FA que apresentou 90, 76%.
Conclui-se que os subprodutos do arroz têm grande potencial para serem utilizados na dieta de animais ruminantes, entretanto, mais estudos devem ser desenvolvidos quanto a utilização de RPLA, QA, bem como FA na dieta de ruminantes, devido ao potencial nutritivo e económico que estes alimentos propiciam.
Embrapa