Normalmente, os subprodutos entram na dieta em substituição a algum outro alimento mais tradicional (como milho e soja). No entanto, qualquer que seja o motivo da utilização, certamente o principal fator considerado na avaliação é uma possível vantagem econômica, seja por uma redução direta no custo da alimentação, ou por um melhor desempenho animal, resultante de melhor eficiência alimentar.
Porém, esta avaliação nem sempre é simples como parece. Vários componentes do custo devem ser considerados como logística, transporte, descarga e armazenamento; perdas na armazenagem; fluxo de caixa da propriedade; teor de matéria seca (MS) do material (principalmente no caso de produtos úmidos); composição nutricional, além do resultado que se pode esperar da introdução do subproduto em questão na dieta. Em função da importância desta questão, ao final do curso um módulo exclusivo será dedicado a ela.
Outra possível vantagem é uma maior flexibilidade de formulação das dietas, pela disponibilidade de maior diversidade de alimentos; além disso, alguns subprodutos podem conter ingredientes especiais ou complementares aos já existentes, que proporcionam um “ajuste fino” da dieta, possibilitando melhor desempenho dos animais.
Como exemplo, poderíamos citar o resíduo de cervejaria, que possui alto teor de proteína não degradável no rúmen (by-pass), além de aminoácidos normalmente limitantes em dietas baseadas em milho e soja, podendo auxiliar no balanceamento de dietas de vacas leiteiras de alta produção. Outro exemplo seria a fibra de alta digestibilidade da polpa de citros e da casca de soja, dois alimentos energéticos que normalmente têm efeito associativo positivo quando utilizados em substituição a parte do milho (amido), em dietas com alta inclusão de concentrados, trazendo benefício tanto à saúde quanto à produtividade animal.
Paralelamente ao melhor balanceamento, a constância da formulação também representa uma vantagem, especialmente quando se fala em nutrição de ruminantes. A população de microrganismos do rúmen passa por uma readaptação toda vez que a dieta é alterada. Isto leva algum tempo e, na prática, representa queda temporária de desempenho.
A aquisição de fórmulas prontas que, com raras exceções, são formulações de custo mínimo, e portanto têm alterações freqüentes em seus ingredientes, pode gerar desempenho inconstante. Quando se formula na fazenda, os resultados podem ser melhor monitorados em função da combinação de ingredientes em uso. Isto, a médio/longo prazos, pode auxiliar nas decisões de quais ingredientes utilizar, e em quais ocasiões e proporções.
Uma terceira vantagem refere-se ao processamento. A maioria dos subprodutos dispensa qualquer tipo de processamento (como a moagem), pois são comercializados em forma adequada ao uso (farelados ou peletizados). Isto também representa economia de mão-de-obra e energia, e se faz mais evidente nas situações em que se dispõe de vagões de ração completa (ou totalmix), que dispensam inclusive a pré mistura (batida) dos ingredientes, que muitas vezes são pesados no próprio vagão, que se transforma numa “fábrica de rações” ambulante.
Em alguns casos, as características de armazenagem e conservação também são favoráveis. Como exemplo, podemos citar novamente a polpa cítrica e a casca de soja que, diferente do milho que normalmente substituem, não exigem cuidados especiais no que se refere ao controle de insetos e roedores, que podem promover perdas consideráveis se não expurgados periodicamente. Em pequenas propriedades, onde a mão-de-obra é limitada e o consumo é pequeno, a carga de um caminhão pode levar meses para ser consumida. Nesta situação, estas vantagens de armazenamento têm grande valia.