O Gado de corte é um segmento da pecuária brasileira que tem feito sucesso no exterior. O Brasil está muito bem posicionado no ranking, entre os melhores. Isso se deve em grande parte a vocês, pecuaristas e produtores rurais, que estão na lida cotidiana. Faça chuva ou faça sol, lá vai o vaqueiro para o manejo bovino de cada dia.
Mas, quem trabalha com gado precisa estar sempre atualizado. É por isso que aqui, trazemos muitas informações sobre o gado de corte. Nosso papo será longo, porém bastante interessante.
Vamos conversar sobre o manejo, os sistemas de criação, o melhoramento genético e o que saber antes de investir e como começar, os estados que mais produzem, os sistemas de criação, algumas raças mais comuns no Brasil e muito mais. Fique com a gente e aproveite.
Manejo nas fases da criação de gado de corte
Uma das práticas essenciais na criação de gado de corte é o manejo. Trata-se de um grupo de hábitos rotineiros e técnicas que são adotadas na criação dos bovinos de corte. São cuidados diários e modos de tratar que tornam rotineira a conduta dos bois.
O Brasil, sendo um dos países que se encontra entre os maiores produtores e exportadores de carne de boi do mundo, não pode deixar de lado a preocupação com o manejo, já que a prática é fundamental para atingir qualidade do produto final e uma elevada produtividade.
O manejo deve ser feito de forma a minimizar o estresse e o sofrimento dos animais, bem como prevenir doenças e acidentes.
O manejo de gado de corte não se atém apenas à fase de terminação. Na verdade, uma forma eficaz de manejo implica em cuidados que devem estar presentes também nas fases de cria e recria. Os trabalhos de manejo envolvem identificação individual, as práticas rotineiras de alimentação, o ambiente em que vivem, a sanidade, o transporte e o abate.
Por fim, podemos entender que um bom manejo deve ter início já na fase de cria, passando pela recria e pela fase de engorda. São períodos que exigem diligências específicas para assegurar o bem-estar dos animais, o desempenho produtivo e a rentabilidade do negócio.
Manejo na fase de cria
Na fase de cria o manejo nutricional garante, a princípio, o aleitamento, que vai sendo substituído, por meio da introdução de alimentos sólidos como pasto e suplementos.
O manejo reprodutivo também é relevante, pois tem por objetivo maximizar a taxa de prenhez das matrizes, assim como, reduzir o intervalo entre partos. O manejo sanitário visa prevenir e tratar doenças que podem afetar o desenvolvimento e a sobrevivência dos bezerros.
Um aspecto fundamental, por exemplo, na fase de cria são os cuidados com os bezerrinhos. Estes precisam ser separados da mãe e devem ser submetidos a um programa de vacinação e vermifugação a partir dos 2 ou 3 meses de vida. Outra atitude importante é assegurar um ambiente adequado, com sombra, água limpa e dieta apropriada para impulsionar seu crescimento sadio.
Manejo na fase de recria
Durante a fase de recria, o manejo nutricional assegura o desenvolvimento do animal, ou seja, entram os objetivos de crescimento e ganho de peso. O manejo reprodutivo também ocorre e tem por finalidade selecionar os animais com melhor potencial genético para a reprodução ou para a engorda. O manejo sanitário é feito para o controle de doenças e parasitas que podem prejudicar a saúde do rebanho.
Outras ações se tornam necessárias nesta fase de recria, por exemplo, podemos citar uma atitude que faz diferença e facilita a vida na propriedade. Trata-se do agrupamento dos bezerros, que separa os já desmamados em lotes, conforme suas idades e ganho de peso.
Neste período eles iniciam um processo de adaptação a alimentação volumosa, ou seja, saem da amamentação e são submetidos à pastagens e suplementação com concentrados.
É também neste período que a castração e a marcação costumam ocorrer, visando um melhor controle e identificação individual.
Manejo na Fase de engorda
O manejo nutricional na fase de engorda visa aumentar o ganho de peso e a qualidade da carne. Para isso são utilizados pasto, suplementos ou confinamento. Na fase de engorda será determinado se os bovinos irão para algum sistema de confinamento ou se serão mantidos em pastagens.
No Brasil, o sistema a pasto é o mais utilizado, visto que nosso país conta com extensas áreas disponíveis para pastagens.
A questão do controle alimentar é ponto importante, e não pode ser deixado de lado o objetivo principal, que é o fornecimento de uma dieta balanceada e nutritiva. Esta pode incluir pasto, porém, os suplementos minerais e energéticos precisam estar presentes.
O manejo reprodutivo visa evitar a reprodução indesejada dos animais, utilizando métodos de castração ou separação por sexo. O manejo sanitário entra para assegurar a saúde e o bem-estar dos animais até o abate.
Manejo: Descobertas e Curiosidades
Talvez você não saiba, mas existem interessantes curiosidades e muitas descobertas envolvendo o manejo do gado de corte. Um exemplo é a pesquisa postada recentemente pela revista DBO, que afirma que bovinos podem ser ensinados a desenvolver comportamento favorável ao manejo.
Na reportagem uma pesquisadora e zootecnista afirma que alguns métodos pedagógicos podem ensinar o gado a criar boas memórias e isto facilita em muito o manejo, inclusive os que precisam ser realizados no curral.
Isso significa que os bovinos também aprendem determinadas condutas que resultarão em reações que ajudam os criadores a lidar com eles no dia a dia. Neste caso, são estabelecidas interações menos tensas entre os animais e cuidadores, é evitado o estresse de ambos os lados.
Neste sentido há algumas estratégias que você, pecuarista, pode aplicar em sua propriedade para fazer seus bois criarem boas memórias e melhorar o manejo
Veja alguns pontos interessantes:
Você sabia que os bezerrinhos podem aprender a reconhecer suas mamães, desde o nascimento? Conforme informa reportagem da Revista DBO, isto ocorre devido a um fenômeno genético denominado “imprinting”. Este se faz presente tanto no homem quanto nos animais. Nos humanos, os bebês desenvolvem o imprinting quando fitam os olhos de suas mães, logo nas primeiras horas de nascidos.
Com os bois o fenômeno também acontece, ou seja, o imprinting passa a se manifestar logo após o nascimento, pois suas mamães são a primeira coisa que visualizam ao nascer.
E para despertar ainda mais o desenvolvimento deste estímulo, os vaqueiros mantêm os bezerrinhos junto com as matrizes. Assim, eles sentem seu cheiro, ouvem seu mugido e se aquietam, reconhecendo suas mães.
Como você já deve saber, o manejo nas fases da criação de gado de corte no Brasil envolve diversos aspectos. No entanto, entre estes fatores estão, essencialmente, a nutrição, as questões de reprodução, a sanidade, o sistema de criação adotado, assim como a forma como a propriedade é gerida.
O importante é não descuidar do manejo para assegurar a qualidade da carne e a produtividade. Também não podemos esquecer que um manejo assertivo impede o estresse e assegura o bem-estar animal.
Melhoramento genético na pecuária
Todo proprietário quer alcançar sucesso em seu negócio, disso não há dúvida. No entanto, para assegurar uma certeira competitividade e otimizar a produtividade do gado é necessário investir em atualizações que a tecnologia oferece. Entre as melhores estratégias, técnicas e práticas inovadoras que já surgiram no campo da pecuária está o melhoramento genético.
Portanto, se você é criador de gado de corte e ainda não adotou essa ideia e nem mesmo se inteirou sobre o assunto, saiba que está deixando dinheiro na mesa, pois, muitos estão melhorando a qualidade da carne, aumentando sua rentabilidade e lucrando muito com ajuda do melhoramento genético bovino.
Apesar de saber disso, muitos pecuaristas não sabem bem como funciona e não conseguem dar os primeiros passos no sentido de participar de um programa de melhoramento genético. Se esse é o seu caso, fique tranquilo, pois, trazemos neste tópico ótimas informações sobre o tema
Melhoramento genético bovino: Primeiro entenda o que é
Melhoramento genético bovino é um método inovador que agrupa técnicas com o objetivo de selecionar e reproduzir animais com características desejáveis e estas são repassadas para a outra geração.
São 2 as principais abordagens para a realização do melhoramento genético. Primeiramente há a seleção, em seguida o cruzamento. Na seleção, os criadores escolhem os animais um por um, optando pelos que apresentam as características desejáveis.
Em seguida os acasalam, buscando fixar os traços melhores no rebanho. No cruzamento, animais de linhagens diferentes são acasalados para aproveitar as diferenciadas características boas, como por exemplo a vigorosidade .
Além de incorporar os genes desejáveis na futura prole do rebanho, o melhoramento genético também minimiza as chances de passar adiante os genes que carregam características indesejáveis. Dessa forma os genes são intencionalmente direcionados para obtenção de animais com as melhores características, ou seja, com atributos de interesse para a pecuária.
O melhoramento genético mais comumente usado é o acima descrito, onde há o acasalamento natural, que é feito através de monta. Neste caso, é preciso ser criterioso na seleção. Os touros escolhidos devem estar sadios, livres de lesões e sem estresses ou patologias que possam comprometer a reprodução.
No entanto, este método natural nem sempre é eficiente, pois o criador pode vacilar na escolha e além disso, cada um dos touros somente atende a uma limitada quantidade de vacas.
Para superação desses problemas a Ciência apresenta algumas biotecnologias reprodutivas que são mais eficazes e contam com menor margem de erros. Algumas dessas técnicas biotecnológicas são:
- Inseminação artificial (IA)- Sem participação do touro. O sêmem é depositado no aparelho reprodutivo da vaca.
- Inseminação artificial em tempo fixo (IATF)- A ovulação é induzida e a deposição do sêmem é realizada, sem que seja preciso observar a fase de cio.
- Transferência de embriões (TE)- Embriões são recolhidos de uma doadora ou da fertilização in vitro e implantados em fêmeas receptoras para que a gestação se complete.
- Fertilização in vitro (FIV) – Os óvulos de fêmeas doadoras com alto valor genético são recolhidos e a fertilização in vitro é realizada. Após isso os embriões são transferidos para as vacas receptoras.
Resumindo, podemos concluir que a seleção separa os touros e matrizes melhores e estes serão os progenitores da próxima geração. Na etapa da reprodução serão acasalados os animais selecionados. O resultado é a concepção, gestação e nascimento de uma prole de qualidade, ideal para a produção de carne.
Neste processo são obtidos animais mais produtivos, mais sadios e melhor adaptados ao meio, de forma a atender às necessidades do mercado. Dessa forma, maior rentabilidade e mais condições de sustentabilidade são alguns dos aspectos favorecidos pelo melhoramento genético. Mas, as vantagens não param por aqui. O melhoramento genético traz muitos outros resultados positivos.
Vantagens do melhoramento genético
- Melhorias na qualidade da carne e leite. Os animais obtidos são capazes de produzir mais leite de maior qualidade e em menos tempo. Para o gado de corte as vantagens também são promissoras. O ganho de peso é mais eficaz e o tempo de abate é acelerado. Isso significa redução nos custos de produção.
- Maior desenvolvimento dos animais com aumento da fertilidade do rebanho, maior precocidade e diminuição do intervalo entre as gerações.
- Menos riscos de doenças, pois os animais ficam mais resistentes a bactérias e parasitas;
- Aprimoramento da eficiência alimentar dos animais;
- Seleciona as melhores características para reprodução;
- Aumenta a longevidade das matrizes;
- Diminuição de doenças sexualmente transmissíveis e maior controle sobre isto, entre outros benefícios.
O que você precisa saber antes de investir no melhoramento genético
O melhoramento genético é uma inovação da Biotecnologia que trouxe grandes benefícios à pecuária. Na verdade, abriu novos horizontes apontando com promissoras possibilidades.
No entanto, é necessário cercar-se de informações antes de entrar neste campo. O ideal é organizar um planejamento, estimando tempo de aplicação, custos que estarão implicados e condições do rebanho. Por isso, deixamos aqui os principais aspectos envolvidos em um melhoramento genético. Esperamos que te ajude.
Para começar entenda que apesar de acarretar despesas e ser um projeto a longo prazo, é um investimento que vale à pena. Reflita sobre os vários aspectos que um melhoramento genético pode apresentar, depois decida o que fazer em sua propriedade.
1- Na pecuária são empregadas 2 principais estratégias de melhoramento genético: a seleção e o cruzamento.
Na seleção, os criadores escolhem um por um, os animais que apresentam as características desejadas e os reproduzem, buscando fixar esses traços na população.
Já no cruzamento, animais de linhagens diferentes são acasalados para aproveitar suas características desejáveis.
2- O melhoramento genético na pecuária é uma ferramenta importante para aumentar a competitividade e a lucratividade da atividade pecuária. No entanto, ele deve ser acompanhado de outros fatores que influenciam na produção animal, como nutrição, sanidade, manejo e gestão.
3- A técnica é acessível a qualquer proprietário, até mesmo aos pequenos criadores. Existem alternativas que atendem a qualquer pecuarista, independentemente do tamanho do rebanho, por exemplo, a inseminação artificial pode ser usada em propriedades menores, pois é alternativa de custo mais baixo.
4- O melhoramento genético pode ser aplicado independente da raça de boi ou tamanho do rebanho;
5- Não espere resultados imediatos, pois o melhoramento genético é um investimento a longo prazo. O retorno financeiro virá, porém, só depois de alguns anos. Saiba que o retorno, apesar de um tanto demorado, é bastante expressivo financeiramente e traz benefícios permanentes para o pecuarista.
6- Mesmo aplicando o melhoramento genético é necessário manter os cuidados de sempre com o rebanho. Para que os resultados sejam significativos e aumentem a competitividade no mercado é essencial que o ambiente seja adequado, com nutrição balanceada, bom manejo e sanidade. Enfim, o bem-estar dos bovinos é fundamental para que evidenciem seu potencial genético.
7- Os benefícios demoram um pouco a surgir, mas são expressivos, duradouros, permanentes e farão diferença em sua lucratividade.
Melhoramento Genético: Você sabe por onde e como começar?
Quem está iniciando na área do melhoramento genético, muitas vezes, não sabe bem como realizar o processo. Porém, existem programas para auxiliar os produtores que desejam apostar nesta nova tecnologia.
Alguns destes programas são:
- O Programa Embrapa de Melhoramento Genético de Bovinos de Corte – denominado Geneplus;
- O Programa de melhoramento genético Nelore Qualitas;
- O Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos, cuja sigla é PMGZ, desenvolvido pela ABCZ ;
- O Programa de melhoramento da ANCP – Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores;
- Programa de melhoramento genético para bovinos de corte da CRV Lagoa, entre outros.
Os maiores produtores de gado de corte do mundo
Uma listagem recente dos maiores produtores de gado de corte do mundo foi divulgada pelo USDA- Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em seu relatório de uma projeção realizada por eles, sobre os índices de produção mundial de carne bovina.
O relatório divulgou os 5 países de maior produção com estimativa de produção. Observe o ranking abaixo:
Posição | Países | Milhões de toneladas | Percentual na produção mundial |
1ª | Estados Unidos | Permanece em 1º com 12,050 | 20% da produção mundial |
2ª | Brasil | 10,560 | 18% |
3ª | China | 7,350 | 12% |
4ª | União Europeia | 6,700 | 11% |
5ª | Argentina | 3,000 | 5% |
A produção de gado de corte no Brasil em números
O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo, permanecendo no ranking mundial na 2ª posição, atrás apenas dos Estados Unidos. Conta com um rebanho de 224.6 milhões de cabeças e uma produção de cerca de 10 milhões de toneladas/ano.
Com uma carne de reconhecida qualidade, o Brasil tem se destacado no mercado internacional graças ao empenho de nossos pecuaristas e instituições que, a cada dia, apostam mais e mais em novas tecnologias, sanidade, genética e manejo ideal.
Entre os principais Estados brasileiros que se dedicam ao gado de corte estão Mato Grosso, Goiás e Pará, que juntos respondem por quase 40% do rebanho de nosso país.
Mato Grosso lidera o ranking, contando com mais de 32 milhões de cabeças. Só em 2021 a produção chegou a 1,8 milhões de toneladas de carne.
Goiás conta com 24,293 milhões de cabeças e sua produção alcança 1,2 milhões de toneladas.
O Pará não fica de fora. Está na terceira posição, com números expressivos. São 23,9 milhões de cabeças no estado, abastecendo o mercado com 900 mil toneladas de carne.
Esses estados se destacam devido à grande disponibilidade de terras, bons pastos e clima que é bastante favorável à pecuária. Além disso, a infraestrutura logística também contribui para que os esforços dos criadores sejam compensados.
Eles também contam com o apoio de instituições de pesquisa, assistência técnica e extensão rural, que contribuem para o desenvolvimento e a inovação do setor.
As informações mais recentes do IBGE sobre os rebanhos bovinos presentes nos Estados brasileiros datam de 2021. O gráfico abaixo informa o número de cabeças por Estado.
Fonte: https://www.ibge.gov.br/ (Dados de 2021)
A carne de boi é um produto importante para a economia brasileira. O Brasil exporta milhões de toneladas de carne bovina todos os anos. Os principais destinos são a China, Estados Unidos, Chile, Egito, entre outros. Observe alguns dos principais países para os quais o Brasil exportou carne bovina em 2022.
Países | Valores em dólares (US$ milhões) |
China | 7.950,3 |
Estados Unidos | 446,2 |
Chile | 391 |
Egito | 343,3 |
Filipinas | 269,6 |
Emirados Árabes | 260 |
Israel | 242 |
Dados do Ministério do Desenvolvimento da Indústria, Comércio e Serviços.
Segundo reportagem do Canal Rural, em 2022 a carne bovina do Brasil alcançou os maiores percentuais da história do produto no país. O Brasil teve um crescimento de 42% na receita e 26% no volume.
Raças de gado de corte mais utilizadas no Brasil
As raças de gado de corte desempenham um papel de extrema importância na pecuária brasileira. São raças relevantes por suas diversas características, que contribuem para o sucesso da pecuária brasileira.
São consideradas de elevada importância econômica para o país e isso ocorre devido a aspectos como a eficiência produtiva desses animais, a adaptabilidade ao clima tropical do Brasil e sua capacidade de aproveitar os recursos naturais, como por exemplo, as pastagens nativas.
Este fato garante uma produção sustentável, reduzindo os custos com alimentação. É um gado também relevante pela qualidade da carne que entrega.
Essas características permitem que os criadores alcancem uma produção de carne bovina mais rápida e eficiente, aumentando a rentabilidade do gado de corte.
Existem várias raças de gado de corte no Brasil. Entre estas podemos citar algumas que são mais utilizadas.
Nelore
É a raça mais popular e mais presente no rebanho nacional, representa cerca de 80% dos bovinos de corte do Brasil. É uma raça de origem indiana, que se adaptou muito bem ao clima tropical e às condições de pastagens de nosso país.
O gado Nelore tem pelagem branca ou cinza clara, pele escura e chifres curtos. É uma raça de corte, com boa musculatura e rendimento de carcaça.
Sabe aquele ditado que diz ” Quem viu um boi já viu todos” ? Isso acontece de verdade com os bois Nelore. O motivo é sua popularidade no Brasil. Esta raça está espalhada pelos 4 cantos, é a mais encontrada nos pastos do país. Todo mundo conhece, todo mundo já viu um destes bois.
A raça Nelore se deu bem em nosso país tropical por suportar bem o calor. Isso acontece porque eles têm um metabolismo mais baixo do que os bois europeus, por exemplo. O gado Nelore é duro na queda, são resistentes, e isso ajuda também na sanidade, pois eles resistem bem aos parasitas.
Tabapuã
A raça de bois Tabapuã é uma categoria de bois que teve sua origem no cruzamento de um bezerro Zebu-Mocho com gado das raças Nelore, Gir e Guzerá. A linhagem surgiu no estado de São Paulo e ficou sendo considerada zebuína.
É uma raça mocha, quer dizer que não tem chifres. Sua pelagem é branca ou cinza e seus pelos são finos, curtos e sedosos. Estes animais estão bem adaptados ao clima tropical e são resistentes a parasitas.
Além disso, se destacam pela docilidade, que facilita o manejo e também pela precocidade sexual e boa fertilidade. Bovinos Tabapuã são usados tanto para produção de carne quanto para a de leite.,
Brahman
Brahman: é uma raça formada nos Estados Unidos pelo cruzamento de várias raças zebuínas. Tem pelagem branca ou cinza clara, pele escura e chifres curtos. É uma raça de corte, com boa adaptação ao calor, resistência a parasitas e fertilidade.
Guzerá
Originária da Índia, a raça Guzerá é bastante adaptada a ambientes tropicais e é valorizada por sua rusticidade, resistência a doenças e habilidade materna. É uma raça leiteira, mas também é utilizada na produção de carne.
Afinal, quem é responsável por produzir o gado de corte?
Se há algo que não se questiona é o quanto a produção de carne é relevante para nosso país. A importância do gado de corte pode impactar vários âmbitos. Por exemplo, a economia, as exportações, o mercado de alimentação bovina e ajuda até mesmo no desenvolvimento rural.
Um exemplo da influência positiva da criação de gado de corte é o fato de estimular a ocupação e o desenvolvimento de regiões rurais, gerando renda e infraestrutura local, abrindo estradas, interligando comunicações e possibilitando serviços.
A princípio podemos dizer que os responsáveis e os principais envolvidos na produção de carne bovina no Brasil são os pecuaristas, que criam os bovinos de corte em suas propriedades, seguindo as normas sanitárias, ambientais e de bem-estar animal.
Mas, apesar destes produtores rurais exercerem o papel principal, há outros setores que respondem pela produção de carne no país. Na verdade, são diversos os atores envolvidos ao longo da cadeia de produção. Veja alguns setores:
Para dar apoio aos pecuaristas existem várias instituições como por exemplos:
- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
- Embrapa Gado de Corte, que é uma unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que desenvolve pesquisas e soluções tecnológicas para a cadeia produtiva da carne bovina.
- A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que representa os frigoríficos exportadores de carne bovina do Brasil, defendendo seus interesses junto aos órgãos governamentais e organismos internacionais.
- A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entidade representativa dos produtores rurais brasileiros, atua na defesa dos interesses do setor agropecuário.
- Há também plataformas que incentivam o Agronegócio como por exemplo a Agro2bussiness, uma Marketplace que apoia produtores rurais, cooperativas, empresas, representantes e agroindústrias, criando um ponto único, ágil e seguro de comercialização.
Em segundo plano estão os frigoríficos, que são responsáveis pelo abate, processamento e distribuição da carne bovina para o mercado interno e externo. Os frigoríficos devem seguir as normas de qualidade, segurança e rastreabilidade da carne, bem como atender às exigências dos consumidores e dos países importadores.
De certa forma, as instituições de estudo, ensino e pesquisa são corresponsáveis, pois, realizam estudos e desenvolvem tecnologias para aprimorar a produção de gado de corte no Brasil. Afinal, o melhoramento genético, o manejo sustentável, as formas de nutrição animal e os sistemas de produção mais eficientes são fruto do trabalho destas instituições que apoiam a pecuária.
Em suma, a produção do gado de corte no Brasil desempenha um papel crucial na economia, na alimentação e no desenvolvimento regional. Diversos atores, desde produtores rurais e pecuaristas até o governo e instituições de pesquisa, são responsáveis por impulsionar essa importante indústria no país.
O sistema de criação na pecuária de corte é peça chave para produtividade
A pecuária é um setor bastante promissor, especialmente quando se trata do gado de corte. Seu ponto alto é justamente o fato de abastecer o mercado de carne bovina, alimento que contém proteína, que é nutriente básico para a vida. É por isso que a carne de boi tem lugar soberano no mercado.
Todos concordam com esta alegação, no entanto, apesar disso, muitos proprietários rurais, que apostam no gado de corte, não alcançam o sucesso desejado e têm prejuízos ao invés de lucro.
O que acontece é que nem sempre estão investindo no sistema ideal e isto implica nos resultados. É preciso entender que o sistema de criação na pecuária de corte é a peça chave para produtividade. Portanto, antes de adotar um deles em sua fazenda ou sítio, vale a pena informar-se sobre como cada sistema funciona.
Veja aqui, 3 sistemas principais de criação de gado de corte e reflita sobre qual deles é adequado para seu agronegócio.
Sistema Extensivo de Criação na Pecuária de Corte
O sistema extensivo é caracterizado pela criação de gado em grandes áreas cobertas por pastos, ou seja, a base da alimentação animal será a pastagem natural. Os animais são criados soltos, com acesso livre a pastagens.
Adotando este sistema, você terá vantagens, mas também enfrentará algumas dificuldades.
Sistema Extensivo: Vantagens
- Menor intervenção humana na alimentação e manejo do rebanho.
- Baixo custo de produção: São aproveitadas as áreas de pastagem natural, reduzindo os custos com alimentação. Os animais se alimentam principalmente de capim, o que diminui a necessidade de insumos alimentares adicionais.
- Poucos insumos, equipamentos e mão de obra.
- Menor custo de produção: O sistema extensivo
- Menor necessidade de infraestrutura: Não é necessário investir em estruturas complexas de alojamento, sistemas de alimentação automatizados e instalações de manejo sofisticadas.
- Podem ser aproveitadas áreas disponíveis: O sistema extensivo permite utilizar áreas extensas de pastagem natural, que podem não ser adequadas para outros tipos de produção agrícola.
- Menor impacto ambiental: Ao utilizar áreas de pastagem natural, o sistema extensivo pode ter um impacto ambiental menor. Os animais se alimentam diretamente do capim, reduzindo a necessidade de transporte e produção de alimentos concentrados. Além disso, a rotação de pastagens pode ajudar a preservar a fertilidade do solo.
- Melhor bem-estar animal: O sistema extensivo permite que os animais tenham espaço para se movimentar e se alimentar de forma mais livre.
Sistema Extensivo: Desafios
- Baixa densidade de animais por área
- Sazonalidade, ou seja, maior dependência das condições climáticas.
- Menor produtividade por hectare.
- Necessidade de grandes extensões de terra.
- Maior dificuldade no manejo sanitário e controle de parasitas.
- Escassez de alimentos e pasto de baixa qualidade, com poucos nutrientes em períodos de seca.
- Maior tempo para o Abate.
Sistema Semi-Intensivo de Criação na Pecuária de Corte
O sistema semi-intensivo combina pastoreio em pastagens com suplementação alimentar. Os animais têm acesso a pastagens, mas também recebem suplementação com alimentos concentrados. bovinos criados a campo recebem um reforço de alimentos no cocho.
Sistema Semi-intensivo: Vantagens | Sistema Semi-intensivo: Desafios |
Maior controle da alimentação e manejo dos animais | investimento em infraestrutura para suplementação alimentar. |
Melhor aproveitamento dos recursos naturais e da capacidade produtiva da terra. | dependência de insumos externos, como rações e suplementos. |
Utilização de técnicas de melhoramento genético e manejo reprodutivo. | Requer maior mão de obra e conhecimento técnico. |
Risco de superpastejo e degradação das pastagens se o manejo não for adequado. |
Sistema Intensivo de Criação na Pecuária de Corte
O sistema intensivo é caracterizado pela criação de gado em instalações fechadas, como confinamentos. É um sistema muito utilizado para terminação do gado, que se ampara no fornecimento de insumos como o milho e farelo de soja. Os animais são alimentados com ração balanceada e recebem cuidados intensivos.
Sistema Intensivo: Vantagens | Sistema Intensivo: Desafios |
Alta produtividade. Permite a criação de maior número de cabeças. | Necessita de alto investimento para a implantação |
Possibilidade de ter animais para o abate no decorrer do ano todo. | Os custos de produção são elevados |
Controle total da alimentação e manejo do rebanho | Alto investimento inicial em infraestrutura e tecnologia. |
Uso de tecnologias avançadas, como monitoramento e controle do ambiente. | Dependência de insumos externos, como rações e medicamentos. |
Possibilidade de obter animais prontos para abate em menor tempo. | Necessita de instalação de sistemas eficientes de manejo de dejetos e controle ambiental. |
Cabe ressaltar que cada sistema apresenta vantagens e desvantagens, e a escolha do sistema mais adequado depende de fatores como a disponibilidade de terra, recursos financeiros, acesso a tecnologias, objetivos de produção e condições locais.
Também vale a pena comentar que a engorda ou fase de terminação pode ser feita em qualquer um dos 3 sistemas.
O sistema adotado depende de alguns aspectos importantes como por exemplo, o valor que o milho alcança no mercado, a valorização do boi gordo em comparação com o boi magro.
Quando o preço do milho entra em queda, os proprietários de gado de corte adotam logo o confinamento e enchem os galpões com seus animais.
O manejo é diferenciado em cada fase de produção
O manejo nutricional e da alimentação do gado de corte é uma prática que visa fornecer os nutrientes necessários para o bom desempenho dos animais, de acordo com o objetivo do sistema, a categoria animal e a disponibilidade e qualidade das forragens.
Para um manejo bem realizado é ideal traçar um planejamento nutricional. Neste podem ser definidos os objetivos a alcançar: produzir bezerros, animais para confinamento, para abate, etc.
Um planejamento nutricional também pode considerar o período chuvoso, a seca, as espécies forrageiras disponíveis, a capacidade de suporte das pastagens e a necessidade de adubação e irrigação.
Outros aspectos a considerar são a qualidade da forragem que deve ser manejada adequadamente para garantir quantidade e qualidade. Não se pode deixar de pensar na suplementação para fornecer aos animais alimentos energéticos e proteicos, neste caso podem entrar por exemplo o milho moído e o farelo de soja. Estes serão complementares à forragem.
O manejo nutricional apresenta vantagens, mas não está livre de riscos, observe:
Os riscos do manejo nutricional inadequado incluem perda de produtividade, aumento dos custos de produção, comprometimento da saúde e do bem-estar dos animais, redução da qualidade da carne e impactos ambientais negativos.
Os benefícios do manejo nutricional adequado retornam aumento da produtividade, redução dos custos de produção, melhoria da saúde e do bem-estar dos animais, aumento da qualidade da carne e contribuição para a sustentabilidade ambiental.
Aspectos sanitários
Um dos pontos primordiais do manejo é o zelo pelos aspectos sanitários. Evitar doenças causadas por parasitas ou contaminação por bactérias é um modo de assegurar a produtividade.
Portanto, cuidar do manejo no que diz respeito à sanidade é um passo a mais na direção da rentabilidade de seu agronegócio. Além de seu gado permanecer sadio você ainda se beneficia financeiramente, pois evitará gastos extras com veterinários e remédios. Não se esqueça de que muitas vezes, a falta de manejo sanitário leva à perda de cabeças do rebanho.
Reflita, então, sobre a relevância dos aspectos sanitários e dê a seus bois uma especial atenção neste sentido. Para te ajudar neste ponto, trazemos aqui algumas dicas de medidas preventivas que você pode tomar no manejo.
- Na fase de cria, lembre-se de que é super importante a cura completa do umbigo;
- Outra atitude essencial na fase de cria é providenciar a colostragem, ou seja, é preciso administrar a porção adequada de colostro nas primeiras horas de vida dos bezerrinhos;
- Nas outras fases da criação medidas sanitárias de higiene e cuidados podem impedir doenças infectocontagiosas e parasitárias;
- Cuide bem da dieta dos animais, pois a deficiência nutricional é causadora de patologias carenciais;
- Siga com regularidade o calendário sanitário de vacinações;
- Monte um plano estratégico de vermifugação;
- Faça controle de parasitas.
Aspectos de bem estar e comportamento animal
Todo criador de gado deve ter em mente que é fundamental colocar acima de tudo o bem-estar animal. Para que isso se concretize com atitudes efetivas a OIE (Organização Mundial de Saúde Animal apresenta os 5 pilares que sustentam o bem estar animal. Estes devem ser inteiramente respeitados pelos fazendeiros. São eles:
1) Não permitir que o animal passe fome, sede ou entre em estado de desnutrição;
2) Evitar que sejam tomados por medo e angústia;
3) Resguardar os animais do desconforto físico e térmico;
4) Evitar dores, injúrias e doenças;
5) Dar condições para que manifestem seu comportamento natural
Adequação das instalações às necessidades dos animais
Um manejo assertivo de bovinos deve prever a adequação das instalações às necessidades dos animais. Este é um aspecto que faz parte dos cuidados, para proporcionar o bem-estar, a saúde e a produtividade do rebanho.
Neste caso, alguns pontos são fundamentais, como por exemplo o oferecimento de conforto térmico, higiene, segurança, mobilidade facilitada e acesso, sem empecilhos, aos recursos essenciais, como água, alimento e sombra.
Mas, não é apenas isto, pois, ao estruturar as instalações será preciso considerar o comportamento natural dos animais, permitindo uma boa interação social com os outros da mesma espécie. Todo este ambiente pensado no sentido de proporcionar bem-estar evita situações de estresse e impede agressividade.
Algumas dicas dentro do conceito de instalações adequadas são:
- Levar em conta o sistema de produção, pois o tipo de instalação vai depender deste.
- Planeje as instalações conforme as condições da região, do clima, do solo, da topografia, da disponibilidade de recursos e da legislação em vigor.
- As instalações devem estar perto de fontes de água, e ser de fácil acesso para o transporte de animais e insumos.
- Também são importantes: a dimensão do local, levando em conta tamanho e número de cabeças; a ventilação natural e a iluminação adequada, sem incidência direta da luz solar;
Instrução e treinamento da equipe
A instrução e o treinamento da equipe de manejo de bovinos são aspectos essenciais que asseguram o bom desempenho das atividades cotidianas para o bem-estar dos animais.
Trata-se de ensinar os membros da equipe sobre como lidar com os bois, as técnicas corretas de manejo, técnicas de segurança pessoal, rotinas de manejo, etc. O correto é promover treinamento prático e atualização, quando for necessário, sem esquecer de incentivar o trabalho em equipe.
O treinamento deve ser adaptado às particularidades de cada propriedade e de cada rebanho. A avaliação regular do desempenho e os feedbacks construtivos são altamente recomendáveis.
Conclusão
Podemos concluir que a pecuária voltada para o gado de corte é uma atividade econômica de grande relevância. Nosso país possui um extenso rebanho bovino, com diferentes raças adaptadas às diversas regiões.
Em cada propriedade é praticado o manejo envolvendo práticas como alimentação adequada, cuidados sanitários, bem-estar animal e técnicas de reprodução. Um avanço em nossa pecuária é a adoção do melhoramento genético que vem se tornando grande aliado na produção de gado de corte no Brasil.
Através da seleção criteriosa de características desejáveis, como ganho de peso, precocidade, qualidade de carne, etc, a produtividade e a eficiência do rebanho vão sendo aprimorados.
Uma particularidade expressiva em nosso Brasil é a diversidade de raças bovinas aqui presentes. Além da raça Nelore, que é predominante e conhecida pela adaptabilidade ao clima tropical, há outras como Angus, Hereford, Braford, etc.
São animais que oferecem diferentes características de carcaça e qualidade de carne, que tem sido reconhecida internacionalmente. Nosso país está no páreo competindo com os melhores e atualmente encontra-se em segundo lugar, como um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo.
Para atender aos padrões exigentes dos mercados internacionais, a indústria brasileira tem investido em sistemas de rastreabilidade, certificações de qualidade e boas práticas de produção. Além disso, o Brasil possui vastas áreas de pastagens naturais, o que contribui para a produção de carne de excelência.
Em suma, o gado de corte envolve um manejo adequado, o uso de técnicas de melhoramento genético e a adoção do sistema mais adequado a cada propriedade.
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Excelente material, mas não é o que propõe o título. Precisa falar de cada etapa, detalhadamente, compreendendo desde o desmame até o abate.