Raiz de mandioca na forma de raspas ou farelo pode ser alternativa para a dieta de ruminantes
A mandioca é uma raiz originária da América do Sul, conhecida por vários nomes Brasil afora, como macaxeira e aipim. A maior parte da produção nacional de mandioca é destinada à alimentação humana e à indústria de derivados. Porém, parte da produção que acaba inadequada para consumo humano é destinada para a alimentação animal.
A raiz de mandioca pode ser uma boa fonte de energia e proteína na dieta de ruminantes como o gado bovino. E o uso de alimentos alternativos na nutrição animal vem ganhando cada vez mais espaço, visando redução de custos nas propriedades e sem perdas nutritivas aos animais. Ainda mais quando esses alimentos são cultivados na propriedade.
Na forma de raspas ou farelo, a raiz de mandioca pode ser incluída na formulação de rações, em substituição parcial ou total – em alguns casos – de cereais como o milho e trigo. Isso devido ao seu valor energético e à sua boa aceitação pelos animais, já que destaca boa palatabilidade.
Porém, essa vantagem do alto valor energético pode ser afetada pela umidade. A raiz da mandioca fresca pode apresentar até 1.500 kcal de energia metabolizável por quilo de massa fresca. Já a mandioca na forma desidratada, pode apresentar de 3.200 a 3.600 kcal de energia.
Por isso, a desidratação passa a ser um processoimportante para manter a qualidade das raízes depois da colheita, reduzindo o teor de umidade de 60% a 70% nas raízes para 10% nas raspas.
A raspa da mandioca é indicada, principalmente, quando o objetivo é armazenar alimento para fornecer aos animais em períodos de escassez de outras culturas. Para isso, a raspa precisa estar bem seca, tendo por volta de 14% de umidade.
Isso também facilita o uso na composição de rações, elevando a concentração de nutrientes e possibilitando uma melhor conservação do alimento. Ademais, também é necessária a desidratação para redução da toxicidade em caso de mandioca brava.
Após a colheita da mandioca, as raízes devem ser bem lavadas para eliminar a terra e outros resíduos, principalmente se forem processadas com a casca (película externa). A lavagem resulta em produto final de melhor qualidade.
Depois de limpas, as raízes podem ser trituradas para fazer o farelo ou picadas em forma de raspas, podendo ser fornecida diretamente aos animais ou, ainda, destinada a conservação como raspa seca, farelo e até silagem.
A produção das raspas pode ser feita já no período da colheita – quando o clima for favorável com boa incidência de luz solar e altas temperaturas -, cortando as raízes e deixando-as expostas ao sol.
Além do farelo e das raspas, a mandioca também pode ser oferecida ao gado como:
● silagem de raiz de mandioca;
● silagem da parte aérea da mandioca;
● feno de mandioca.
Além disso, alguns cuidados devem ser observados antes de preparar o alimento para o gado:
● no caso da mandioca mansa, ela pode ser servida fresca. Após colher, é feita a lavagem para depois picar e fornecer imediatamente aos animais, tendo em vista que nessa forma se deteriora mais rápido. Em clima quente, após três dias as raízes já não prestam mais;
● a mandioca brava deve passar pelo mesmo processo. Porém, é necessário desidratá-la ao sol para eliminar as toxinas.
Dessa forma, alimentos como a raspa de mandioca podem ser uma alternativa aos produtores na alimentação do rebanho, diminuindo custos sem perdas nutricionais.
Por Mayk Alves é fundador do Portal Vida no Campo e Agro20.
Neto de lavradores, sempre esteve envolvido com as atividades do campo e tem por missão disponibilizar informações sobre o mundo do agronegócio de maneira objetiva e dinâmica.