Subprodutos oriundos da agroindústria podem ser oferecidos em sistemas de pastagem e confinamento
A manutenção da produção da pecuária de corte bovina depende da eficiência do sistema, que pode ser atingida com maior produtividade e redução de custos. Nos sistemas produtivos da pecuária de corte, vários fatores devem ser levados em consideração para o sucesso da atividade, como o bem-estar animal, sanidade e nutrição.
Destes, a nutrição é, sem dúvidas, o mais crucial e que também demanda os maiores custos na propriedade. A parte nutricional em uma fazenda pecuária representa cerca de 70% dos custos. Assim, quanto mais eficiente for o manejo nutricional, mais eficiente será a produção.
Nos últimos anos, a busca por alimentos alternativos não é só uma opção, mas tornou-se quase uma necessidade dos pecuaristas em busca de diminuição de custos. Dessa forma, a busca é por ingredientes alternativos para formular rações que sejam igualmente eficientes no desenvolvimento e saúde do rebanho.
Nesse cenário, a utilização de subprodutos oriundos da agroindústria na dieta dos animais veio como uma solução economicamente viável, sem que o desenvolvimento do gado seja afetado negativamente.
Um desses alimentos é a casca de soja, que vem sendo oferecida como alternativa ao milho por ser fonte de energia para os bovinos de corte, principalmente em regiões produtoras do grão.
A casca da soja entra como alimento volumoso, apesar de sua degradação ruminal ser mais rápida que a de outros alimentos volumosos e, ao mesmo tempo, mais lenta que os concentrados.
Em alguns estudos, a casca de soja e o grão de sorgo, por exemplo, substituíram bem o grão de milho, tanto no ganho de peso quanto em relação às características de carcaça.
Dentre os subprodutos utilizados no Brasil como fonte alternativa de alimento ao gado de corte, podemos destacar, além da casca da soja, o caroço de algodão, a polpa cítrica, a torta de algodão, DDG e WDG. Estes últimos são resíduos da indústria de etanol feito a partir do milho, sendo o DDG um resíduo seco e o WDG úmido.
Esses subprodutos podem ser utilizados na dieta dos bovinos como alimentos volumosos ou concentrados, de acordo com a composição de cada um. E vale citar que a composição é um fator que deve sempre ser observado antes da aquisição dos produtos, visando equilibrar os nutrientes.
Os alimentos volumosos possuem mais de 18% de fibra e 60% de energia. Já os concentrados têm menos fibra, se dividindo, ainda, entre proteicos e energéticos. Os proteicos contam com mais de 20% de proteína, enquanto os energéticos apresentam menor quantidade.
Um fator importante no manejo nutricional de subprodutos é a análise bromatológica dos alimentos, que por serem subprodutos apresentam variações entre uma carga e outra que vai para a fazenda. Normalmente, as próprias indústrias que vendem estes subprodutos já enviam junto um parecer informando o que contém naquela remessa.
A alimentação alternativa não fica restrita ao cocho, podendo ser oferecida para terminação intensiva a pasto, confinamento e semiconfinamento, trazendo, além de economia e nutrição de qualidade, versatilidade na hora de alimentar o rebanho.
Por Mayk Alves é fundador do Portal Vida no Campo e Agro20.
Neto de lavradores, sempre esteve envolvido com as atividades do campo e tem por missão disponibilizar informações sobre o mundo do agronegócio de maneira objetiva e dinâmica.