A expansão da agroindústria da soja nos Cerrados do Meio-Norte tem disponibilizado uma quantidade elevada de subprodutos que podem ser utilizados na alimentação de ruminantes.
Esses subprodutos têm origem no campo e nas indústrias de extração de óleo. A vantagem económica do emprego desses subprodutos depende de uma série de fatores, tais como proximidade entre o local de produção e de utilização, o custo para transportar e preparar os alimentos, além das características nutricionais dos mesmos.
A importância da utilização de subprodutos da agroindústria na nutrição animal deve-se à prioridade do emprego de grãos, alimentos mais nobres, como soja, milho e trigo, para a alimentação humana, Além de aumentar a disponibilidade de alimentos para ruminantes, o uso de subprodutos reduz os custos da alimentação e a pressão sobre o meio ambiente, pela redução de resíduos.
O potencial de produção e o valor nutricional dos subprodutos das agroindústrias de processamento de frutas, do extrativismo (palha de carnaúba), ou proveniente de diversas culturas (cascas de arroz, cacau, café, sabugo de milho, bagaço de cana-de-açúcar etc.) têm sido estudados por vários autores.
Este trabalho teve o objetivo de determinar a composição química de subprodutos da cultura da soja coletados nos campos agrícolas (resto de cultura) e nas indústrias de extração de óleo (varredura) nas áreas de produção e industrialização da soja na Região Meio-Norte do Brasil,
Do material a ser analisado, 20 amostras de SOO gramas foram coletadas e misturadas em baldes, de onde retiraram-se 3 amostras de 200 gramas para análise de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDNI, fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo IEE), matéria mineral (MM), cálcio (Ca) e fósforo feitas no laboratório de nutrição animal da Embrapa Meio-Norte.
Composição química dos subprodutos
Os das análises estão apresentados na Tabela I.
O conteúdo médio de proteína bruta foi 21 %, nos restos de cultura e 26,46 % na varredura, A diferença da concentração de proteína entre os dois subprodutos é aparentemente pequena, entretanto, a varredura de soja, em termos porcentuais, concentrou 18% mais proteína bruta. Nos dois subprodutos, essas concentrações estão acima das exigências mínimas para gado de corte em pastagens (12% PB).
Os níveis de óleo, que foram de 8,03% e II, 95%, respectivamente, nos restos de cultura e na varredura de soja, indicam que os subprodutos, além de ser usados para aumentar a densidade energética de rações para ruminantes, não causam danos aos animais pela formação de sabão no rúmen.
O resto de cultura da soja apresentou teores mais altos (50,03 %) de FON que a varredura (38,26%), por causa da existência de grande quantidade de material de planta e casca da vagem, que constitui quase a totalidade desse subproduto. Na varredura, o nível de FDN é relativamente baixo, por esse subproduto ser constituído principalmente de grãos chochos e mal-formados de soja. Do mesmo modo, essa justificativa se aplica ao conteúdo de FDA, encontrado no resto de cultura da soja (50,55%) e na varredura de soja (28, 74%).
A FON é constituída, principalmente, por hemicelulose, celulose e lignina, enquanto a FDA é formada celulose e lignina. Sendo a hemicelulose a fração de maior digestibilidade e a lignina praticamente indigestível por microrganismo do rúmen, a melhor utilização dos alimentos ruminantes está indiretamente relacionada à concentração de lignina dos subprodutos. Neste contexto, pela menor concentração de FON e FDA da varredura de soja, espera-se que esse subproduto resulte em melhor desempenho dos animais.
O cálcio na matéria mineral da varredura de soja (0,38 %) atende à necessidade mínima para nutrição de bovino de corte em pastagem. Por outro lado, somente a concentração de fósforo no resto de cultura da soja (0,51) satisfaz a necessidade de gado de corte em pastagem.
Fonte: Embrapa
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/38616/1/Circular37.pdf
Fotos: Hoston Tomas Santos do Nascimento