Por ser muito aquosa, podendo atingir até 80% de água, e de fácil deterioração, a cevada é utilizada principalmente nas proximidades das fábricas, enquanto prevalecer desfavorável a relação custo energético de secagem e o custo energético do transporte.
A cevada pode ser fornecida diretamente a vacas em lactação e animais em fase de recria, praticamente sem nenhum problema nutricional, desde que devidamente suplementada, e pode ter a propriedade de ser fornecida como um substituto de alimentos concentrados. O teor de proteína bruta da cevada tem variado em função da região e da época de amostragem, porém, está entre 20 e 30%, havendo casos de atingir teores de até 37% de proteína bruta na base da matéria seca (MS).
Os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes da cevada têm sido elevados, como o da energia, proteína bruta, fibra bruta, extrato-não nitrogenado e extrato etéreo, sendo, respectivamente, em torno de 69, 77, 40, 74 e 83%. O teor de nutrientes digestíveis totais (NDT), que fornece indicação do valor energético do alimento, tem variado de 62 a 70% na base da matéria seca, valor este semelhante a vários alimentos concentrados, como o farelo de trigo, o milho desintegrado com palha e sabugo e outros.
A cevada, quando fornecida como alimento exclusivo aos animais, pode comprometer a produção de leite, devido à baixa capacidade de ingestão diária de nutrientes, principalmente energia. A quantidade fornecida, para que o animal possa desempenhar normalmente as suas funções (mantença, produção e reprodução), depende de uma série de fatores, os quais estão relacionados com o nível de produção, o peso vivo do animal ou mesmo estágio de gestação.
Uma ampla revisão de estudos publicados sobre a utilização da cevada na alimentação de vacas leiteiras mostra que pode ser utilizada eficientemente em níveis que variam de 20 a 50% do total da ração diária fornecida aos animais.
Algumas sugestões de ração contendo cevada serão apresentadas a seguir:
1° Sugestão: As proporções encontram-se na base da seca:
– 50% Silagem de Milho
– 30% Cevada
– 20% Concentrado n° 1
2ª Sugestão: As proporções encontram-se na base da matéria seca:
– 50% Silagem de Milho
– 40% Cevada
– 10% Concentrado n° 2
As Composições dos ingredientes utilizados na formulação dos concentrados são:
Ingredientes Concentrado n° I Concentrado n° 2
Fubá de Milho 79,0 96,0
Farelo de Soja 17,0 –
Calcário Calcifico 1,0 1,0
Sal Mineral 3,0 3,0
*A composição do sal mineral é: Fosfato Bicálcico, 40%; Sulfato de Cobre, 0,50%; Óxido de Zinco, 0,67%; Iodeto de Potássio, 0,03%; Sulfato de Cobalto, 0,02%; Selenito de Sódio, 0,004%; Enxofre, 2,12%; Sulfato Manganês, 0,80% e Sal comum, 56,08%.
Nas sugestões acima, pode-se chegar à concentração de proteína bruta de 14 a 16% e de NDT de 65%, na base da matéria seca. A sugestão 1 seria para vacas cuja produção de leite seja superior a 12kg/vaca/dia, e a sugestão 2, para vacas com produções inferiores a esta ou para outras categorias de animais.
Exemplificando-se: uma vaca com 500kg de peso vivo, produzindo diariamente 10kg de leite, e outra do mesmo peso, produzindo 20kg de leite, precisariam consumir diariamente:
– Para produção de 10kg de leite:
15kg de Silagem de Milho (47% na MS)
13kg de Cevada (41% na MS)
1,5kg do Concentrado n° 2 (12% na MS)
– Para produção de 20kg de leite:
22kg de Silagem de Milho (49% na MS)
25kg de Cevada (31% na MS)
3,5kg do Concentrado n° 1 (20% na MS)
Considerações sobre a alimentação:
(1) A quantidade de alimento que uma vaca consome diariamente pode variar em função da composição química, principalmente da composição da cevada e da silagem de milho; daí, a importância de se fazer avaliações químicas periódicas dos alimentos utilizados nas rações.
(2) As quantidades de alimentos expressas anteriormente traduzem o que os animais necessitam consumir diariamente para terem suas exigências de mantença e produção atendidas, e devem ser fornecidas mais de uma vez ao dia.
(3) De modo geral, para efeitos de cálculo de gasto diário de alimentos, pode-se considerar que a silagem de milho pode ser misturada com cevada mais concentrado na proporção de 1: 0,9 na base da MS.
Para bezerros em fase de aleitamento, deve-se evitar o fornecimento de silagem, assim como o de cevada, devido ao tipo indesejável de fermentação que podem causar. Porém, em virtude das características nutricionais e por ser um alimento rico em vitaminas, principalmente as do’ complexo B, e minerais, a cevada é também recomendada para animais em fase de crescimento, mas que não estejam em aleitamento.
Embrapa
Fonte: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/142974/1/2010.pdf