A principal função dos carboidratos é fornecer energia para os tecidos do corpo e utilizá-la nos processos metabólicos. Os carboidratos diretamente utilizados pelas células são os monossacarídeos, e a glicose é a forma predominante. Entretanto, existem outros compostos que indiretamente fornecem energia para os tecidos, o etanol formado a partir do piruvato, em leveduras e outros microrganismos.
Energia é imprescindível no desempenho das funções vitais e produtivas dos animais. Bovinos de corte, por exemplo, em confinamento, necessitam de energia para manutenção e para o ganho de peso. Os processos fisiológicos de manutenção e, especialmente, de engorda, são altamente dependentes da energia da ração, ao contrário dos processos de crescimento e lactação, nos quais, além da energia, a proteína é também muito importante, tanto quantitativa, quanto qualitativamente.
A transformação de energia da ração em ganho de peso não é constante para todos os alimentos. Ela depende basicamente da concentração de energia do alimento, ou seja, da fração da energia bruta do alimento que é utilizado pelo animal para os processos fisiológicos e de produção.
O álcool etílico ou etanol, considerado uma fonte de energia prontamente disponível, quando fornecido aos animais, é rapidamente absorvido no rúmen e oxidado no fígado a acetil CoA, a uma taxa independente da concentração de álcool no sangue. Esta rota não é desejável, uma vez que o balanço energético não é favorável, ou seja, há gasto de energia (ATP) pela célula para haver esta conversão, havendo ainda o risco de ocorrer a síndrome do “fígado gorduroso”. A melhor rota seria utilizá-lo em nível de rúmen através dos microrganismos.
A presença de etanol nas rações pode ter um efeito estimulante sobre a fermentação ruminal em função da sua energia prontamente disponível. Há indicações de que também estimula o consumo de alimentos e a digestibilidade da fibra; influi na qualidade da carcaça de animais confinados e proporciona um ambiente em nível de rúmen mais favorável à síntese de proteína microbiana, principalmente em rações contendo ureia.
Animais alimentados com cevada, suplementada com levedo, ganharam peso mais rapidamente do que os não suplementados, num estudo em que a cevada úmida foi misturada ao levedo na proporção de 6: 1.
A levedura tem também se revelado como boa fonte proteica para alimentação do gado de leite e principalmente do gado de corte. Em análises feitas no Laboratório de Nutrição do CNPGL, revelou-se concentração proteica média de 39% na base da matéria seca. Uma possível limitação de uso na alimentação como alimento exclusivo é a excessiva quantidade de água na sua composição, 12 a 13% de matéria seca ou 87 a 88% de água e lima baixa concentração de fibra.
Vários estudos têm mostrado aumento na produção de leite de vacas alimentadas com levedura. Desconhece-se isso ocorre, mas há evidências de que o número de bactérias celulolíticas no rúmen alimenta com a adição de levedura na alimentação, melhorando a digestibilidade da celulose, além de melhorar a fermentação ruminal pela redução da produção de metano.
O uso de levedo associado ao de varredura, um dos subprodutos da indústria de cerveja, cuja composição química se assemelha ao farelo de trigo (16% de proteína bruta e 70% de NDT na MS), poderia ser vantajoso na alimentação animal, 10 uma vez que as deficiências do levedo como alimento exclusivo poderiam ser parcialmente supridas pela “varredura”, principalmente no que se refere à concentração de fibra.
A levedura não deve ser fornecida para animais monogástricos, uma vez que podem provocar diarreias e fermentações indesejáveis em nível de intestino. Alimentações prolongadas com esse alimento, como no caso de vacas em lactação, podem trazer distúrbios hepáticos, mas não há estudos que comprovem qualquer tipo de problema. Na alimentação de animais de corte, em fase de acabamento, dificilmente ocorreriam tais problemas, em função do curto período de utilização desse subproduto.
Para exemplificar uma forma de utilização da levedura em rações de acabamento de animais pesando 450kg de peso vivo, estabelecendo ganhos de 1300 a l400g/cab./dia, precisaria que os animais consumissem diariamente l4kg de silagem de milho (40% da ração total) + 2,5kg de concentrado NQ 2 (20% do total) + 17,0 kg de cevada e 6,0 kg de levedura (40% do total, na proporção de 6: 1), por animal. Para substituir a cevada pela “varredura”, poderia manter a alimentação com 40% de silagem de milho, 20% do concentrado nQ 2 e 40% da mistura ” varre d” ura e “1 levedura “1, alterando apenas a proporção que poderia ser de 11:1, o que daria l7kg de silagem de milho + 3,0 kg do concentrado NQ 2 + 5,5 kg de “varredura” e 5 kg de levedura, por animal, por dia.
Outras proporções para serem recomendadas deveriam ser previamente testadas e avaliadas.
Outra forma de utilização da levedura seria como um. suplemento proteico líquido, que poderia, conforme estudo de mercado, ser industrializado, uma vez que possui vários pontos favoráveis quando utilizados como parte da ração dos animais. Se misturado às rações na proporção correta e fortificado com vitaminas e minerais, é possível que resulte num efetivo suplemento líquido para ruminantes. Testes teriam de ser direcionados para ajustar as proporções mais adequadas e de melhor retorno para produção de leite ou carne.
Embrapa
Fonte: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/142974/1/2010.pdf