23 de jun de 2020

Calcário deve ser mantido nos custos de produção, afirmam especialistas

Em tempos de pandemia, o planejamento da safra é ainda mais desafiador ao agricultor mato-grossense. Custos fixos, variáveis e o dólar, cuja cotação chega à marca de R$ 5,70, compõem a planilha que deve ser cuidadosamente analisada para a tomada de decisões assertivas. Entre elas, a correção de solo, aliada da produtividade nas lavouras. O custo-benefício é comprovado por pesquisas científicas: a aplicação de calcário, que representa atualmente 2,7% dos custos de produção da soja estimados para a safra 2020/2021, pode se transformar em ganhos de até 20% no volume de grãos colhidos.

Levantamento que reúne a análise de mais de 249 mil amostras de solo de municípios de Mato Grosso no período de 2016 a 2019 revela uma crescente nas condições favoráveis à produtividade. Isso porque a avaliação comparada dos índices do chamado V% (percentagem de saturação por bases) indicam um manejo mais assertivo da acidez do solo, naturalmente alta nos solos mato-grossenses. Aliado a isso, pesquisas científicas comprovam que a aplicação de calcário em doses customizadas ao tipo de solo da região elevam o V% e, consequentemente, os índices de produtividade.

O levantamento feito com os resultados das amostras de solo cedidas por três laboratórios com atuação no Estado mostra que resultados mais altos de V%, acima de 65%, eram pífios no solo para as safras 2016 e 2017, atingindo então um volume de apenas 6% das amostras, conjunto elevado para 14% das porções de solo analisadas em 2018 e 2019. O universo de exemplares com V% acima de 45% subiu de 58% do total de amostras analisadas em 2016 e 2017 para 61% nas duas safras seguintes. Em números absolutos, mais de 59 mil amostras passaram a apontar índices maiores de fertilidade do solo.

Custo de produção – De acordo com mais recente boletim da soja divulgado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária, o Imea, o custo médio com corretivo de solo é de R$ 66 por hectare na safra 2020/2021, o que significa 1,62% do custo total de produção, calculado em R$ 4.054,9 o hectare. O insumo compõe o custo variável da atividade. “Os reajustes nos preços foram ocasionados pelo aumento no custo de insumos, principalmente fertilizantes. De acordo com o levantamento realizado, este avanço esteve atrelado à variação cambial no período, que vem ocorrendo principalmente devido à desaceleração econômica global com o avanço do novo coronavírus”, pontua o Imea.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Extração de Calcário de Mato Grosso (Sinecal-MT), Kassiano Riedi, ressalta que os agricultores, nos últimos anos, têm se preocupado cada vez mais com a calagem, tornando o calcário um insumo de uso frequente, com doses anuais de reposição, a fim de manter o solo sempre estabilizado.  

Investimento na produtividade – Pesquisador radicado em Sinop, o engenheiro agrônomo e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Anderson Lange lembra que investir em calcário é investir na produtividade da soja. A afirmação é pautada em quatro anos de estudos numa área experimental no Norte do Estado. A aplicação de doses extras de calcário, chegando a cinco toneladas por hectare (bem acima das prescrições agronômicas receitadas, leva a vagens mais firmes nos pés de soja, com maior número de grãos em cada planta e, ao final da colheita, mais produção para dentro dos armazéns. O aumento chega a patamares de 10% a 20% por talhão analisado.

“Os dados são claros, entabulados num criterioso e longo experimento, onde não poupamos atenção e rigor científico. A hipótese era a de que mais calcário no solo ácido de Mato Grosso geraria mais produtividade e renda ao produtor. E, de fato, aquilo que era um sentir, fruto de observação e vivência a campo, se confirmou numa verdade científica. Produtor que põe mais calcário no solo, de forma planejada e bem manejada, colhe mais”, destaca Lange.

Na safra 2019/2020, a produtividade média atingida pela soja em Mato Grosso é de 57,71 sacas por hectare. Em cinco anos, o ganho no indicador é de 9,08% e chega a 12% em algumas regiões. No Médio-Norte do Estado, maior produtor no mapa regional, o incremento foi de 8,42%. Para o pesquisador da UFMT, não há dúvida de que o calcário é um dos fatores que influenciam esse resultado positivo. “A tecnologia avança no campo, ou seja, a incorporação de conhecimento, de ciência, é contínua, a favor de quem produz. Temos relatos de vários produtores que passaram a incorporar mais calcário em profundidade no sistema de plantio direto e já estão notando melhora nos índices de produtividade”.

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