O desempenho de qualquer sistema de produção de gado de corte está diretamente ligado às condições sanitárias e nutricionais do rebanho. Este desempenho produtivo pode ser avaliado em termos de bezerros desmamados, de animais para o abate e da produção de carne e carcaça.
(Corrêa 1983).
Para se evitar o comprometimento deste sistema, tornam-se indispensáveis medidas preventivas que diminuam morbidades e mortalidades, que resultam em última instância na redução e, consequentemente, na queda de produção.
Portanto, o manejo sanitário de bezerros assume importância fundamental.
Para facilitar a execução das medidas preventivas, sugere-se um roteiro de fácil utilização pelos criadores (Anexo I).
Para se garantir a sobrevivência e bom desenvolvimento dos animais durante a vida, é preciso que os bezerros recebam anticorpos maternos, através do colostro, nas primeiras horas de vida (no máximo até 6 horas).
Normalmente, a natureza providencia esse “manejo”. No entanto, nos casos em que a vaca não produz o colostro ou que, por algum motivo, o bezerro não receba este leite da mãe, é indispensável que seja utilizado o colostro de outra vaca recém-parida.
O colostro, além de fornecer anticorpos, é rico em proteínas, minerais, enzimas e vitaminas e, ligeiramente laxativo, antitóxico e energético.
Para o bom desenvolvimento do bezerro, a “cura do umbigo” é fundamental para evitar contaminações pelo ambiente externo e instalações de miasses.
O umbigo deve ser cortado na medida de dois dedos (aproximadamente 4 cm) e colocado em imersão durante 2 a 3 minutos numa solução de iodo a 10% (Anexo II), ou outro produto similar, imediatamente após o nascimento.
Os bezerros “curados” deverão ser revisados até a cometa cura. Vale aqui lembrar que um grande número de pecuarista tem utilizado o ivermectina em bezerros recém-nascidos para prevenção das miasses e que, segundo Bianchin et al. (1991 ), não confere vantagem adicional ao uso do iodo na “cura do umbigo”. O consumo adequado do colostro e a “cura” bem feita do umbigo podem ser responsáveis por 70,0% da prevenção das doenças de bezerros (Laender et 1984).
É importante vacinar os bezerros contra paratifo ou salmonelose entre os 15 e 20 dias de vida. Recomenda-se também que as vacas sejam vacinadas contra o paratifo no oitavo mês de gestação. A diarreia é um sinal clínico bastante observado nos bezerros recém-nascidos, entretanto, outros agentes podem causar este processo (Madruga et al., 1984). Nestes casos a melhor indicação para o tratamento deve ser dado pelo médico-veterinário.
Para o controle de febre aftosa, os órgãos oficiais de defesa sanitária de cada Estado coordenam campanhas que variam conforme a região e o resultado desejado. No Mato Grosso do Sul, o IAGRO a conduta a seguir, uma vez que se busca a erradicação da doença.
Na região do planalto vacina-se todos os animais, com um ano de idade, no período de 1 a 28 de fevereiro: todos os animais com menos de dois anos de idade no período de 1 a 30 de maio e todos os animais da propriedade entre 30 de novembro.
Na região do pantanal vacina-se todos os animais da propriedade uma vez ao ano, ou no período de 10 de maio a 15 de junho, ou de 10 de novembro a 15 de dezembro.
Toda vez que houver saída de bovinos do pantanal, revacinar se já houver passado seis da última vacinação.
A vacinação contra a brucelose deve ser ministrada, em dose única, no período de novembro a junho seguinte ao nascimento, somente nas fêmeas com três a oito meses de idade. Estas devem ser marcadas com um “V” na ” cara esquerda” acompanhado do último dígito do ano de vacinação. A este manejo pode ser associada a vacina contra carbúnculo sintomático (vacina polivalente) entre quatro e seis meses. Esta deve ser repetida seis meses após.
Em áreas onde ocorre o botulismo, os bezerros devem ser vacinados aos quatro meses, repetindo a dose após 40 dias e anualmente.
A vacina contra a raiva bovina é recomendada somente em áreas onde a doença ocorre e deve ser dada anualmente, no mês de julho. Dependendo do tipo de exploração pecuária (cria, recria ou engorda) pode-se utilizar vacinas com períodos de proteção diferentes. Deve ser associada à vacinação dos cães, equídeos e ao controle dos morcegos hematófagos na região.
Acima de seis meses de idade, os bezerros devem ser desmamados e marcados a fogo. Do desmame aos 30 meses de idade Honer & Bianchin (1991) recomendam a vermifugação estratégica anual nos meses de maio, julho e setembro.
Para que os animais respondam adequadamente às vacinas eles precisam estar em um bom estado nutricional, o que depende da disponibilidade e de boa qualidade de pastagens, associada a uma suplementação mineral própria para a região, à vontade, no cocho, durante o ano inteiro.
É importante que o médico-veterinário acompanhe o cronograma sanitário, para administração correta das vacinas, principalmente da brucelose, para o diagnóstico de doenças e para prescrição de quando necessários. Vale lembrar que este documento serve para orientar o condutor rural. Entretanto, novas opções de vacinas e de medicamentos poderão surgir no neste caso, consulte um médico-veterinário.